domingo, 22 de janeiro de 2012

Senador tucano crítica forma como PSDB tratou Kassab :''Campanha em São Paulo está de vaca não reconhecer bezerro''.

Senador Paulista Aloysio Nunes PSDB . 
Senador Alysio Nunes Ferreira (foto: José Cruz/ABr)
Netinho de Paula (PCdoB) e Celso Russomano (PRB) como candidatos fortes à Prefeitura de São Paulo; e o PSD do prefeito Gilberto Kassab — que sempre esteve com os tucanos paulistas — a caminho de apoiar um candidato da oposição na capital, Fernando Haddad (PT).
“A campanha em São Paulo está de vaca não reconhecer bezerro” — protesta o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), em entrevista ao Poder Online.
Vice-governador na administração de Orestes Quércia (PMDB), coordenador político do governo Fernando Henrique Cardoso e vitorioso numa campanha ao Senado em que contrariou os marqueteiros de plantão amarrando sua imagem à de FHC, Aloysio Nunes Ferreira critica, do alto de sua experiência,  a forma como seu partido tratou o vice-governador Guilherme Afif Domingos, o PSD e até a Gilberto Kassab.
Mas ele acha que ainda dá tempo de reverter o quadro. Para o senador, o adversário mais forte é Haddad, que deve chegar ao segundo turno das eleições, mas só vencerá se o PSDB “errar muito”. Quanto a Gabriel Chalita (PMDB), Aloysio Nunes Ferreira desdenha: “ele não convence as pessoas do bairro onde mora”.
Poder Online – Como o senhor está vendo essa movimentação do ex-presidente Lula, tentando levar o PSD do prefeito Gilberto Kassab a formar chapa com o PT em torno da candidatura de Fernando Haddad?
Aloysio Nunes Ferreira – O Lula quer juntar todo mundo contra a gente. Do ponto de vista dele, age certo. Nós é que estamos abrindo espaço.
Poder Online – Ainda dá tempo de trazer o Kassab para o apoio a um candidato do PSDB?
Aloysio Nunes Ferreira – Tudo depende do governador Geraldo Alckmin, que tem se mostrado preocupado, mas não sei ainda se o suficiente. Dependendo de como o Alckmin aja, talvez consiga reverter.
Poder Online – Mas vocês erraram…
Aloysio Nunes Ferreira – O meu ponto de vista sempre foi o de que deveríamos compor com o Kassab nessas eleições. A aliança com o PSD em São Paulo é natural, estratégica e importante para o PSDB. Como podemos lançar um candidato de oposição ao prefeito se participamos ativamente de sua administração? Nossa bancada na Câmara Municipal apoia o prefeito. Temos quatro secretários e estamos em todos os níveis do governo Kassab. São oito anos de um projeto comum em que nunca se viu tantas ações administrativas conjuntas — e de qualidade! — da Prefeitura com o governo do Estado. Isso é um legado que tem que ser defendido.
Poder Online – Pois é, dizia-se que o senhor até defendia que o PSDB apoiasse a candidatura do vice-governador, Afif Domingos, para prefeito.
Aloysio Nunes Ferreira – Nem é essa a questão. Mas o que foi feito? Quando foi lançado o PSD, o Afif foi demitido da Secretaria de Desenvolvimento, que acumulava com o cargo de vice-governador. Isso evidentemente foi um erro. Ainda bem que agora o Afif foi reintegrado às ações administrativas do governo. Parece que a coisa está se ajustando com ele.
Poder Online – O senhor acha que o Afif seria um candidato forte?
Aloysio Nunes Ferreira – O fato é que não há nenhum candidato forte. E nem nós lançamos um nome ainda. Enquanto isso, vão aparecendo como fortes, nas pesquisas,  esses nomes sem consistência política, como o Netinho de Paula e o Celso Russomano.
Poder Online – E vocês ainda brigam com o Kassab e ele se aproxima do PT…
Aloysio Nunes Ferreira – Pois é. O quadro eleitoral em São Paulo está como dizia o Sérgio Porto (jornalista e cronista que ficou conhecido também pelo pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta): aqui vaca não reconhece bezerro.
Poder Online – Isso não fortalece o Haddad? Ele será um candidato forte?
Aloysio Nunes Ferreira – Olha, o Fernando Haddad deverá ser um candidato forte, sim, mas não por causa dele. Afinal, como ministro da Educação ele foi um desastre. O Haddad será forte porque o PT é forte na capital e porque o Lula é um bom cabo eleitoral. Ele terá tempo de TV. E ainda tem uma cara bonitinha, isso ajuda. Portanto, acho que ele chega no segundo turno. Mas só fará a maioria do eleitorado se nós, aqui do nosso campo, errarmos muito.
Poder Online – E o candidato do PMDB, Gabriel Chalita, será forte?
Aloysio Nunes Ferreira – Pode vir a ser. Mas eu, sinceramente, acho que não. O PMDB não tem força política na capital. Não fez sequer um vereador. E acho o Chalita um candidato de nicho. Ele é um candidato de segmentos conservadores, de católicos mais tradicionalistas. Não entra muito na classe média. Tem um perfil intelectual que, digamos, não convence as pessoas do bairro onde ele mora. Mas terá tempo de TV, o que pode ajudá-lo. O PMDB e o DEM, juntos, garantem o palanque eletrônico…
Poder Online – E quanto ao José Serra? Seria um forte candidato?
Aloysio Nunes Ferreira – Isso você vai perguntar a ele (risos). Mas falando sério: O Serra é um nome nacional, um projeto nacional. Se eu fosse ele, não seria candidato a prefeito.