segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Kassab está no fim da fila para as alianças com o PT ,diz Haddad.

Em entrevista ao iG, candidato do PT à Prefeitura de São Paulo quer priorizar palanque com siglas históricas
Adriano Ceolin e Priscilla Borges, iG Brasília | 23/01/2012
Fernando Haddad deixa Educação nesta terça-feira
O ministro da Educação, Fernando Haddad, afirmou hoje que o prefeito Gilberto Kassab e o seu partido, o PSD, estão ‘no fim fila’ na lista de legendas que buscam fazer aliança com o PT para disputar a Prefeitura de São Paulo.
“É um fato novo (a proposta de aliança), mas está circunscrito a uma possibilidade remota. Em função de que os movimentos que os partidos estão fazendo não conduzem a essa direção”, disse Haddad em entrevista exclusiva ao iG.
Segundo Haddad, ele e o presidente municipal do PT paulistano, Antonio Donato, decidiram que a discussão do programa de governo irá anteceder a formação da chapa. “E vamos dialogar com os partidos que estão próximos da gente”, afirmou, em referências a siglas históricas com o PCdoB e outros que apoiam o governo da presidenta Dilma Rousseff no Congresso.
Questionado diretamente se Kassab estava no fim da fila, Haddad ironizou. “Mas ele (Kassab) também não nos colocou no fim da fila?”. O ministro, que será substituído por Aloízio Mercadante (PT-SP), disse que apoio de Kassab a PT depende ainda das negociações com o PSDB.
A proposta de aliança entre o PT e o PSD foi feita há duas semanas. Kassab encontrou-se com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ofereceu um nome do seu partido para ocupar a vaga de vice na chapa a ser encabeçada por Haddad. O ministro é cético sobre o acordo.
“A gente tem de discutir o que está acontecendo. Não uma eventualidade. Houve um gesto de aproximação, que é real. Mas esse gesto tem tantos condicionantes, que é o PSDB não lançar o (José) Serra, o PSDB se recusar apoiar o candidato do prefeito (Afif Domingos)”, disse
Ainda na entrevista, Haddad hesitou em responder o que achava pessoalmente do atual prefeito: “Eu...(demora 15 segundos)... É difícil colocar as coisas nesses termos porque, na verdade, existe uma perspectiva histórica. Eu fiz parte de três governos: governo Marta, governo Lula e governo Dilma.”
Kassab chegou à Prefeitura de São Paulo depois de ser vice de José Serra (PSDB), em 2004. Antes, o prefeito paulistano foi deputado federal pelo PFL (atual DEM) e atuou como secretário do prefeito Celso Pitta, lançado na vida pública por Paulo Maluf (PP).
Gabriel Chalita
Haddad elogiou seu virtual adversário Gabriel Chalita, deputado federal e pré-candidato a prefeito pelo PMDB. "Tenho uma relação de amizade com o Chalita", disse. "Como presidente Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), ele teve uma postura correta com o Ministério da Educação", disse.
Segundo Haddad, Chalita não colocou em questão assuntos partidários no meio das discussões. "Na época ele estava no PSDB. Se fosse outra pessoa que estivesse na presidência do Consed, talvez nós não teríamos conseguido aprovar p Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb)", afirmou.
Apesar de considerar difícil, Haddad afirmou que ainda vai lutar para ter uma aliança com o PMDB: "Eu gostaria muito de ter o PMDB aliado na chapa. Uma aliança na chapa com os partidos do governo Dilma é muito mais tranquilo para todos nós. Nós procuramos o PMDB e continuamos mantendo conversas". 
Lula e governo do Estado
Ainda na entrevista, Haddad revelou que a ideia de sair da Educação para disputar um cargo eletivo surgiram em 2009 por meio do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele contou que o plano inicial era disputar o governo do Estado de São Paulo, em 2010, e não a prefeitura da capital.
"Presidente me sonda há algum tempo sobre essa possibilidade (disputar cargo público). Desde 2009 ele vem me sondando e, na verdade, eu entendo que eu já estava manifestando desde então o desejo de cuidar da minha vida", afirmou.
"Havia tido uma conversa em relação ao governo do Estado e depois ele disse 'olha, vamos retomar'. Eu imaginava que as condições do município eram mais desfavoráveis a uma novidade até do que no Estado. Estranhei e falei: “mas presidente?”, ele disse: “não, há um espaço'", contou Haddad.