quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

''Fogo amigo ''não preocupa Eduardo Campos.

Ao falar sobre reportagem que trouxe de volta o tema precatórios, governador se mostra tranquilo e diz que já foi julgado pela "maior Corte do País e pelo povo"

Publicado em 08/02/2012,

Sheila Borges

O governador Eduardo Campos (PSB) reagiu nesta terça-feira (7) com tranquilidade e até bom humor ao fato de a imprensa nacional ter trazido à tona, mais uma vez, o caso dos precatórios – capítulo mais difícil de sua carreira política –, o que acontece nove anos após o Supremo Tribunal Federal (STF) tê-lo absolvido como mentor da operação de venda de títulos públicos do Estado, em 1996 (no terceiro governo Miguel Arraes), para pagamento de precatórios.
Durante uma visita às obras do Shopping RioMar, do Grupo JCPM, o presidente nacional do PSB comentou o assunto publicamente pela primeira vez, desde que a revista Época tratou do tema, na edição do último fom de semana. “Estou tranquilo. Já fui julgado pela maior Corte do País (referindo-se ao STF) e já fui julgado pelo povo (lembrando as vitórias eleitorais de de 2006 e 2010). Só resta ser julgado pela justiça divina e essa ainda está cedo”, disse.
Quando indagado sobre os comentários de que o ex-ministro José Dirceu (PT) poderia estar por trás da retomada do polêmico caso dos precatórios, Eduardo sorriu. Terminou dizendo, mesmo em tom de brincadeira, que, se não tem o hábito de cultivar inimigos, só poderia ser “fogo amigo”, sem citar nomes.
A movimentação nacional do governador tem incomodado aliados, principalmente petistas e peemedebistas. Também desperta ciúmes o diálogo que ele tem com a oposição (o tucano Aécio Neves) e o canal aberto que mantém com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Esses dois fatores juntos podem facilitar a sua indicação para integrar a chapa majoritária do governo em 2014, seja na vice da presidente Dilma Rousseff ou até na cabeça da chapa, caso a petista não venha a disputar à reeleição.
O fato novo, divulgado pela revista Época, é que, em 2009, o Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional condenou o governador administrativamente por considerar que a operação foi “lesiva” aos cofres do Estado. Eduardo cometeu, segundo o conselho, uma “infração grave” na negociação da venda dos títulos públicos. A decisão, porém, só foi publicada no final do ano passado. Os advogados do governador já entraram com um recurso pedindo que a condenação administrativa seja revista.
O governador não quis prolongar a conversa, afirmando que tudo o que deveria dizer já estava na nota oficial que o Palácio divulgou no domingo. No documento, a assessoria do governador afirmou que o tema já estava “vencido”, uma vez que Eduardo e o ex-governador Miguel Arraes foram inocentados pelo STF de qualquer tipo de irregularidade na venda de títulos públicos para pagar os precatórios. Na época, Arraes era o governador e Eduardo o secretário da Fazenda. A nota lembrou que o caso foi debatido nas eleições de 2006 e que, mesmo assim, Eduardo venceu. Ele foi inocentado no Senado, na Justiça estadual e no Tribunal de Contas do Estado (TCE).
 edição do Jornal do Commercio