|
|
Andreza Matais e Rubem Valente
Da Folha de São Paulo
Em depoimento sigiloso à CPI do Cachoeira, o delegado Matheus Mela
Rodrigues, que coordenou a Operação Monte Carlo, citou uma lista com 82 nomes
que tiveram relações ou foram apenas citados em conversas de Carlos Augusto
Ramos, O Carlinhos Cachoeira.
A lista inclui os nomes de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), de governadores, senadores, deputados federais, prefeitos e até mesmo da presidente Dilma Rousseff.
O presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), fez um apelo aos
parlamentares para que não comentassem com a imprensa os nomes da lista, uma
vez que o fato de estarem citados em conversas do grupo não significa que
tenham envolvimento com o esquema de Cachoeira.
Os nomes podem ter sido usados pelo grupo do contraventor sem
conhecimento dos citados. A Folha teve acesso a lista dos nomes citados pelo
delegado e alguns dos nomes foram citados em gravações telefônicas que já são
conhecidas.
O nome da presidente Dilma Rousseff, por exemplo, é citado em
conversas do grupo de Cachoeira ao comentar a crise no Ministério dos
Transportes. Outro a aparecer na lista, o senador José Sarney (PMDB-AP), teve
por acaso conversas gravadas pela operação da PF, conforme revelou a coluna
de 'Mônica Bergamo' no mês passado.
Nelas, Raimundo Costa Ferreira, o Ferreirinha, funcionário da
Infraero, faz relatos sobre nomeações na estatal, que administra aeroportos
do país. O servidor da estatal foi monitorado por supostamente atuar pelo
grupo de Cachoeira no aeroporto de Brasília.
O caso do senador Aécio Neves (PSDB-MG) também é conhecido.
Interceptações telefônicas revelaram que o senador Demóstenes Torres (sem
partido-GO) intercedeu diretamente junto ao tucano para empregar uma prima de
Cachoeira no governo de Minas.
Aécio afirmou que, na época em que Demóstenes fez o pedido, não sabia
do envolvimento do senador com Cachoeira e diz ter se sentido 'traído'. Na
lista, porém, faltam nomes de pessoas que já foram citadas em gravações que
vazaram, como do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, por exemplo, citado em
áudios da operação Monte Carlo.
O delegado cuidou da Operação Monte Carlo, deflagrada em novembro de
2010 e que resultou na prisão de Carlinhos Cachoeira e membros de seu grupo
em fevereiro deste ano. Os 82 nomes citados se referem a esta operação, e não
à Vegas, ação policial semelhante encerrada em 2009.
Constam três ministros do STF, Gilmar Mendes, Luiz Fux e Dias Toffoli;
dos governadores Antonio Anastasia (PSDB-MG), Marconi Perillo (PSDB-GO), Beto
Richa (PSDB-PR) e Agnelo Queiroz (PT-DF).
A CPI mista no Congresso investiga as relações do grupo de Cachoeira
com agentes públicos e privados. Veja abaixo lista que a Folha conseguiu
identificar de deputados federais, senadores, ministros e governadores
citados na lista por odem alfabética:
Senador Aécio Neves (PSDB-MG)
Deputado distrital do DF Agaciel Maia (PTC-DF)
Governador Agnelo Queiroz (PT-DF)
Presidente DEM-DF Alberto Fraga
Secretário de Indústria e Comércio de Goiás Alexandre Baldy
Governador de Minas Gerais Antonio Anastasia
Suplente de senador Ataides de Oliveira
Procurador-geral da Justica de Goiás Benedito Torres
Governador do Paraná Beto Richa (PSDB)
Senador Blairo Maggi (PR-MT)
Senador Demostenes Torres (sem partito-DF)
Diretor da Delta Carlos Pacheco
Diretor Regional da Delta no Centro-Oeste Claudio Abreu
Jornalista Claudio Humberto
Ex-chefe de gabinete de Agnelo Queiroz Claudio Monteiro
Ministro do Supremo Tribunal Federal José Antonio Dias Toffoli
Presidente Dilma Rousseff
Ex-presidente do Detran de Goiás Edivaldo Cardoso
Ex-senador Eduardo Siqueira Campos (PSDB-TO)
Ex-chefe de gabinete do governo de Goiás Eliane Pinheiro
Vereador de Goiânia Elias Vaz (PSOL)
Secretário Estadual de Comunicação de Santa Catarina Ênio Branco
Dono da construtora Delta Fernando Cavendish
Vereador de Anápolis Fernando Cunha
Presidente da Caesb Fernando Leite
Prefeito de Águas Lindas (GO) Geraldo Messias (PP)
Prefeito de Nerópolis (GO) Gil Tavares (PTB)
Escrito por Magno Martins.
|