domingo, 13 de maio de 2012

A briga velada na oposição .





Disse me disse nos bastidores entre pré-candidatos de oposição deixa claro que a falta de união não é exclusividade petista .





Se a briga à qual se submete o PT para definir seu candidato à Prefeitura do Recife não é só “pública e notória” como ganhou ares “oficiais” com a instalação do processo de prévia, do lado adversário o clima também não é de paz. A diferença, no entanto, é que a disputa entre os oposicionistas acontece nos bastidores. Na tentativa de fugir do isolamento – considerado “fatal”, por alguns –, cada um dos quatro pré-candidatos do grupo trabalha para atrair o apoio do outro, incomodando, inevitavelmente, o sonho majoritário do “colega”. A dois meses das convenções partidárias, todos já foram obrigados a reagir aos rumores de que suas respectivas candidaturas estariam “por um fio” e, sempre que isso aconteceu, abriu-se mais uma fratura na já fragilizada oposição. Sinal de que o “fogo-amigo” está longe de ser exclusividade da dinâmica petista.
A última “vítima” foi o deputado estadual Daniel Coelho (PSDB), curiosamente, um dos primeiros a anunciar de modo quase irrevogável seu ingresso na disputa. Na última semana, circulou a informação de que o partido poderia estar receoso quanto ao seu desempenho no pleito municipal e, por isso, estaria cogitando a hipótese de abrir mão da cabeça de chapa para aliar-se ao DEM ou ao chamado bloco dos alternativos, liderado pelo senador Armando Monteiro Neto (PTB). Para complementar as negativas apressadamente dadas pelo próprio presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, Daniel divulgou um manifesto no qual descartava a possibilidade de sair do páreo e atribuía os rumores ao “desespero de forças conservadoras”.
Em sua resposta, havia a pista de que o mal-estar estava criado no seio da oposição. O prefeiturável soltou que as especulações partiam de outros “projetos” que não estavam tão “consolidados”. De quebra, fez um apelo para que cada um tentasse legitimar sua candidatura dentro do próprio campo, isto é, sem destruir a do outro. A frase do tucano resume a atmosfera de desconfiança que reina no grupo antigovernista e não foi a primeira vez que ela se manifestou.
Episódio semelhante aconteceu com o deputado federal Mendonça Filho (DEM), também pré-candidato à PCR. Em abril, o democrata reagiu ao que chamou “jogo de bastidor” que estaria sendo travado com o objetivo de “macular” suas pretensões majoritárias. Na ocasião, os comentários de que desistiria da disputa ganharam força logo após a confirmação de que o deputado federal Raul Henry (PMDB), até então reticente, entraria na briga. A coincidência entre o surgimento dos rumores e a diminuição das chances de conseguir o apoio do aliado terminou provocando um desentendimento entre Mendonça e Henry. Até hoje, dizem, não completamente sanado.
Henry, aliás, foi o único a não atribuir as informações de que ficaria fora da eleição ao “jogo de bastidor”. Talvez porque fosse ele mesmo a fonte desse tipo de comentário. Antes de março deste ano, o próprio alimentava dúvidas sobre sua participação no pleito, alegando que ainda estava tentando reunir as condições políticas e financeiras necessárias à campanha.
Já o seu xará, Raul Jungmann (PPS), não teve a mesma sorte. Foi um dos primeiros a ter sua pré-candidatura colocada em xeque. Na época, o pós-comunista reagiu, atribuindo o ceticismo – que, aliás, permanece firme nos bastidores – quanto ao seu ingresso na disputa ao fato de ser considerado o ente mais fraco do grupo. O motivo: não possui mandato. Mal sabia ele que o seu “tapete” seria apenas o primeiro a ser puxado.
Na ausência de uma liderança para apitar o jogo na oposição, todos tentam cacifar sem projeto e nenhum dos quatro, até agora, emitiu qualquer sinal de recuo. Resta saber se, ao término dessa disputa velada, ainda haverá espaço para alguém ceder em benefício do outro ou mesmo em nome de um objetivo maior: derrotar o PT.

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